Conidiobolomicose sistêmica em ovino no semiárido paraibano

DIAS, Yuri José de Souza Cavalcante

Resumo

Descreve-se um caso de conidiobolomicose rinofacial com metástases em um ovino, macho, 9 meses de idade, que foi atendido no Hospital Veterinário do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia da Paraíba, apresentando dificuldade respiratória acentuada e progressiva, aumento de volume na porção rostral da cabeça e secreção purulenta bilateral fétida, com evolução de 21 dias. Esse animal era criado com outros 5 ovinos, incluindo jovens e adultos, no município de São Gonçalo, Sousa - PB, no quintal de uma casa e tinha acesso a uma espécie de quarto fechado com pouca ventilação contendo fezes e matéria orgânica em decomposição, o animal não tinha acesso a áreas de açudes ou alagadas. Acredita-se que o ambiente fechado, úmido, submetido a altas temperaturas e rico em matéria orgânica em decomposição favoreceu a proliferação de esporos. Devido o prognóstico desfavorável o animal foi eutanasiado e encaminhado para o Laboratório de Patologia Animal do IFPB para realização da necropsia. Macroscopicamente, ao corte sagital da cabeça, observou-se massa amarelada friável ocupando a porção rostral da cavidade nasal, estendendo-se ao palato causando fissuras. Ao corte, os linfonodos submandibulares e retrofaríngeos exibiam perda da arquitetura anatômica, com substituição do parênquima normal por conteúdo amarelado e friável associado a áreas avermelhadas. Nos pulmões, fígado, rins e coração foram observados nódulos amarelados multifocais a coalescentes, firmes, circundados por halo avermelhado. Microscopicamente, as lesões na cavidade nasal caracterizaram-se por áreas de necrose, circundadas por infiltrado inflamatório de neutrófilos, macrófagos e ocasionais células gigantes multinucleadas, associado a hifas intralesionais, às vezes, circundadas por Splendori-Hoepli. Lesões semelhantes foram observadas nos linfonodos, pulmões, fígado, coração e rins. Pelo GMS e PAS as hifas foram fortemente impregnadas em preto e fracamente coradas em rosa, respectivamente. Caracterizaram-se morfologicamente por serem largas, raramente septadas e por vezes apresentavam dilatação balonosa na extremidade. Observou-se imunomarcação das hifas em marrom para C. lampreauges. O diagnóstico foi realizado com base nos aspectos epidemiológicos, clinico-patológicos e imuno-histoquímica. Apesar de considerada endêmica em algumas regiões do Nordeste, poucos trabalhos descrevem essas características epidemiológicas. As lesões em outros órgãos caracterizaram metástase da cavidade nasal que possivelmente ocorreu por via linfática e hematógena. Metástases são frequentemente observadas na sua forma rinofaríngea. É importante incluir conidiobolomicose como diagnóstico diferencial de pitiose nasal, criptococose e neoplasias

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