Prevalência e fatores associados às dificuldades alimentares em escolares entre seis meses a seis anos de idade

Pinto, Malu Micilly Porfírio santos

Resumo

Dificuldade alimentar infantil é um termo utilizado para referir-se a problemas de alimentação em crianças, sendo caracterizado como uma disfunção alimentar em que tanto os fatores fisiológicos quanto psicossociais contribuem para o seu início e manutenção. Objetivo: Identificar a prevalência das dificuldades alimentares em escolares entre 6 meses a 6 anos de idade, bem como investigar se existe associação entre a prevalência de tais dificuldades e os aspectos clínicos e sociodemográficos. Método: Estudo primário de caráter observacional, com delineamento transversal, do tipo prevalência. O público-alvo foram escolares entre 6 meses até 6 anos de idade, regularmente matriculados no ano de 2023, em instituições de ensino do município de Itaporanga, Paraíba, Brasil. Para a seleção dos participantes foi realizado uma amostragem aleatória estratificada, do tipo alocação proporcional ao tamanho dos estratos, resultando em uma amostra final de 349 crianças. A identificação das dificuldades alimentares e das características clínicas e sociodemográficas infantis foram obtidas por meio de dois instrumentos: Escala Brasileira de Alimentação Infantil - classificada da seguinte forma: sem dificuldade alimentar (pontuações ≤ 60) e com dificuldade alimentar (pontuações > 60) - e instrumento de coleta de informações pessoais, ambos tendo como respondentes os pais/responsáveis. Para avaliar a contribuição das variáveis secundárias no desfecho binário da variável principal implementou-se os seguintes modelos de decisão: regressão logística múltipla e modelo de classificação binária (técnica weight of evidence juntamente com o information value). Resultados: Da amostra total do estudo (n = 349), 30% das crianças demonstraram ter algum nível de dificuldade alimentar. A faixa etária predominante correspondeu ao intervalo entre 25 a 83 meses (98.6%). Os percentuais quanto ao sexo foram bem próximos, mas com maior representatividade para o sexo masculino (51.3%). Das crianças investigadas, 28.4% eram filho único e 47.0% era o filho primogênito do casal. No que se refere aos pais da criança, tanto os pais (73.9%) quanto às mães (89.7%) possuíam idade igual ou inferior a 40 anos. As categorias mais frequentes relacionadas à escolaridade dos pais foram: sem instrução e nível fundamental, tanto para o pai (31.5% + 23.5% = 55%) quanto para as mães (20.4% + 20.9% = 47.3%). Com relação à renda familiar mensal, a maioria das famílias (65.3%) recebia menos que um salário mínimo. Quanto à instituição de ensino, as crianças investigadas estavam matriculadas majoritariamente em escolas de ensino público (52.1%,) sendo 76.5%, pertencentes à educação infantil. No que se refere à implementação dos modelos de decisão, os dados revelaram em suas análises a identificação dos mesmos fatores associados 9 à dificuldade alimentar infantil, a saber: prática de pré-mastigação (realizada por pais/cuidadores), desrespeito aos sinais de saciedade da criança e baixa escolaridade da mãe. Conclusão: O reconhecimento e a melhor compreensão dos fatores associados às dificuldades alimentares infantis podem auxiliar no diagnóstico precoce e prevenção de novos casos, bem como na terapia adequada e na mitigação de danos ao processo de crescimento e neurodesenvolvimento infantil. Além disso, os dados provenientes desse estudo podem colaborar no processo de tomada de decisão pela gestão e servir como ferramenta para possíveis ampliações e/ou elaboração de políticas públicas direcionadas à alimentação e nutrição infantil.

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