“Fenômeno da impostora”: (o)pressão de mulheres engenheiras em relação ao lugar de si mesmas no trabalho/profissão

Souza, Vanessa Pamella Correia de

Resumo

O Fenômeno do/a Impostor/a refere-se a múltiplos medos (in)conscientes e/ou sentimentos de incapacidade, somatizados por pessoas notoriamente competentes as quais internalizam autodepreciações diante de suas próprias realizações/conquistas pessoais/profissionais. Abarcando uma autocrítica hipervalorativa e ultradimensionada, quando elogiadas, geram frustrações por acreditarem que seu impostorismo está enganando as outras pessoas, subterfugiando seu sucesso como resultado de outros fatores, como sorte ou boas influências pessoais, e menos mérito próprio, o que gera sofrimento psíquico. Considerando as desproporções socioculturais nas relações de gênero, deduz-se que o impostorismo pode vitimizar significativamente as mulheres. Esta pesquisa teve como objetivo analisar as perspectivas de opressão/medo apresentadas por mulheres engenheiras eletricistas, em relação ao lugar de si mesmas no trabalho e na profissão, à luz do Fenômeno do Impostor. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa aplicada, subsidiada pela abordagem combinada (quantitativa/qualitativa), do tipo descritivo e participante. Foi aplicado como instrumento de coleta de dados um formulário composto por perguntas divididas em dois blocos, o primeiro, abrange a caracterização social e profissional, e o segundo, as questões que compõem a escala referente ao Fenômeno/Síndrome do Impostor (CIPS – Clance Impostor Phenomenom Scale), validada internacionalmente. Como perspectiva de análise dos dados, a pesquisa fundamentou-se na estatística descritiva, bem como na perspectiva da interpretação compreensiva, subjacente ao desvelar de sentidos/significados sobre o objeto de estudo. O universo delineado correspondeu às sessenta e três (63) mulheres egressas do Curso de Bacharelado em Engenharia Elétrica do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Campus João Pessoa, cuja amostra foi delineada por meio da amostragem probabilística aleatória simples, a partir da livre adesão das egressas contatadas à pesquisa, totalizando quarenta e cinco (45) mulheres. Os resultados explicitaram que as egressas sofreram diversos tipos de opressão durante a graduação no IFPB, bem como na atuação profissional, com destaque para as relacionadas à subestimação da capacidade. A análise da escala CIPS demonstrou que, em relação aos graus de impostorismo, 13,3% da amostra apresenta o grau leve, 55,6% o moderado, 20% o significativo e 11,1% o intenso. Como produto educacional decorrente da pesquisa, foi roteirizada uma oficina pedagógica virtual, subsidiada pela metodologia do teatro do oprimido, aplicada em dois momentos: a meninas do Curso Técnico-integrado em Eletrotécnica do IFPB e às próprias engenheiras eletricista que participaram da pesquisa. Surgiram muitas manifestações de opressão vivenciadas por ambas categorias de mulheres, seja na escola e/ou no trabalho, com aparentes consequências para a subjetividade/equilíbrio emocional, decorrente do fenômeno da impostora. Em suma, tais resultados corroboram a tendência do impostorismo firmar-se nas desproporções das relações desiguais entre os gêneros, o que pode tornar a mulher mais vulnerável.

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