“As falas silenciadas explodem”: a literatura contra violência de gênero

Azevedo, Karina de Oliveira

Resumo

.A violência contra a mulher tem se destacado no Brasil, provocando intensa inquietação porparte dos profissionais de áreas diversas, os quais buscam caminhos e formas de combate aessa problemática. Nesse aspecto, esta pesquisa, que parte da articulação dos conhecimentos nos espaços educativos com a formação humana no âmbito da Educação Profissional e Técnica, propõe-se a refletir sobre o papel que a escola vem desempenhando para fortalecer as discussões sobre a necessidade de proteção da mulher contra a violência de gênero, a partir do ensino de literatura como um bem cultural capaz de possibilitar a reflexão acerca das experiências humanas em suas dimensões mais complexas. O presente estudo, em seu objetivo geral, presta-se a desenvolver práticas de leitura de textos literários cuja temática envolve esse fenômeno histórico e sociocultural, voltadas a docentes do Ensino Médio Integrado do curso de Administração da Escola Cidadã Integral Técnica José Luiz Neto, localizada no município de Barra de Santa Rosa - PB. Para esse propósito, por meio de pesquisa de campo/aplicada e do tipo exploratória, com uma abordagem quanti-qualitativa, busca-se identificar, em documentos oficiais, como essa tematização é apresentada no cenário da formação integral, bem como averiguar ações educativas que situem a reflexão sobre o tema no contexto escolar; por fim, desenvolver uma Oficina como Proposta Didática de leitura de textos literários com enfoque em tal fenômeno, a ser aplicada notadamente no ensino de Língua Portuguesa. Para tanto, buscamos fundamentar as concepções de leitura e literatura, a exemplo de Candido (1989; 2004), Dalvi (2018; 2019; 2021) e Rouxel (2012; 2013; 2014), que dialogam com a formação humana integral. Por isso, também nos apoiaremos em Freire (1996; 2003), Ciavatta (2012) e Ramos (2007; 2014). Além destes, também teremos o aporte teórico de Dalcastagné (2007) e Saffioti (1994; 1999; 2004), que discutem a dominação patriarcal e as relações de gênero, respectivamente. Os resultados encontrados - dos quais se originou o produto educacional “Em violência contra a mulher, a literatura é (a)colher”- apontam que o processo de construção e mediação leitora, por intermédio de textos literários tematizando violências físicas e simbólicas, pode ser “a colher”, ou seja, um instrumento de acolhida, capaz de ampliar as discussões sobre a prevenção contra as diversas formas de opressão infligida às mulheres para a desconstrução da cultura patriarcal. Trata-se, pois, de apresentar a literatura como uma ferramenta pujante para os educandos e educadores experienciarem questões sensíveis constitutivas de nossa condição humana, por meio da linguagem simbólica, de maneira a direcionarem para uma compreensão mais crítica da realidade bem como para o favorecimento do cultivo do processo humanizador com consciência de si e do outro.

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