A violência de gênero no contexto do ensino médio integrado: a educação como instrumento de proteção

Maciel, Kamila Mirley Lopes

Resumo

A violência de gênero compreende um problema sistêmico e profundamente enraizado na sociedade, exigindo atenção e intervenção em diversas esferas, especialmente na educação escolar. Nesse cenário, a Educação Profissional e Tecnológica (EPT), ao integrar múltiplas dimensões da vida no processo educativo, configura-se como um espaço estratégico para fomentar reflexões sobre questões culturais e sociais, contribuindo para a formação integral dos sujeitos. Com base nesse entendimento, esta pesquisa – vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica do IFPB e inserida na linha de pesquisa Práticas Educativas em Educação Profissional e Tecnológica- parte do problema que diz respeito à identificação e enfrentamento da violência de gênero contra a mulher no Curso Técnico em Mineração Integrado ao Ensino Médio, do Campus Picuí do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, com vistas a sensibilizar a comunidade acadêmica desse Campus, promovendo o debate e o engajamento coletivo no combate a esse fenômeno e no acolhimento às vítimas. O objetivo central deste estudo é verificar como a violência de gênero contra a mulher é reconhecida no Curso Técnico em Mineração, e fortalecer seu enfrentamento auxiliado por um produto educacional: uma Cartilha Digital. Para a investigação do tema e a criação do referido produto, foram analisadas diretrizes nacionais e orientações institucionais, mediante uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa e quantitativa combinada, com caráter exploratório. A investigação incluiu o mapeamento de percepções e ações relacionadas à violência de gênero no Campus, cujos dados foram obtidos por meio de questionários aplicados de forma online a discentes e a um(a) profissional da Assistência Estudantil. O referencial teórico deste estudo fundamenta-se em Scott (1995), Saffioti (2015), Pinto (2003) (2010), Lerner (2019), Ribeiro (2017), Minayo (2006); no campo da EPT, em Ciavatta (2005), Ramos (2014), Moura (2014), Kuenzer (2016), Frigotto (2005). Para as discussões quanto à transformação social via educação formal, baseamo-nos nas pedagogias de Paulo Freire (1979, 1987, 2023) e Dermeval Saviani (2008, 2011, 2022). A pesquisa aponta que a violência de gênero, historicamente enraizada em uma sociedade patriarcal e machista, continua sendo naturalizada e muitas vezes negligenciada. Essa omissão contribui para a perpetuação de diferentes formas de violência, com impactos físicos e psicológicos sobre inúmeras mulheres e meninas. Como resultado, foi desenvolvida a Cartilha Digital “Violência de gênero contra meninas e mulheres: educação para a proteção”, concebida como ferramenta educativa e preventiva, inicialmente disponibilizada a estudantes e servidores do Campus, com o objetivo de promover a conscientização sobre práticas discriminatórias que geram danos e sofrimento às vítimas. Os achados da pesquisa reforçam, pois, a urgência de ampliar o debate mais regular sobre esse fenômeno no contexto histórico-civilizatório da sociedade, estendido ao público do Ensino Médio Integrado e da EPT, compreendidos como espaços essenciais para a desconstrução de desigualdades e a promoção de práticas educativas comprometidas com o enfrentamento da violência de gênero, logo, aliadas a uma formação humana capaz de atuar com responsabilidade para a transformação social.

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