Autorregulação da aprendizagem: uma pesquisa-ação com ingressantes do ensino médio integrado do IFPB - Campus João Pessoa
Nobrega, Genildo Ferreira da
Resumo
Esta pesquisa de mestrado foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) e teve como objetivo geral compreender as dificuldades enfrentadas pelos estudantes ingressantes no Ensino Médio Integrado (EMI) do Campus João Pessoa/IFPB, em planejar, executar e avaliar seu processo de aprendizagem autorregulada. A motivação do estudo surgiu da observação, na prática profissional do pesquisador, da dificuldade dos ingressantes em adaptar-se às novas demandas curriculares e estabelecer uma rotina de estudo. O referencial teórico fundamenta-se na Teoria Social Cognitiva de Bandura (2008) e no modelo cíclico de autorregulação da aprendizagem (ARA) de Zimmerman (2002), cujas pesquisas demonstram a importância da autorregulação para melhorar o desempenho escolar e para o desenvolvimento de competências essenciais à regulação do próprio processo de aprendizado, como planejamento, automonitoramento, autocontrole e autorreflexão. Tais competências contribuem para a autonomia intelectual do estudante e para sua capacidade de continuar aprendendo ao longo da vida, um dos princípios fundamentais da educação brasileira, em especial da educação integral. A metodologia adotada foi de abordagem qualitativa, de natureza aplicada e caráter exploratório. A investigação foi conduzida no contexto da prática, utilizando como estratégia a pesquisa-ação (Thiollent, 1985), em razão de sua capacidade de fornecer uma compreensão aprofundada dos fenômenos educacionais no contexto da escolarização, permitindo maior flexibilidade para analisar dificuldades em ambientes interativos, dinâmicos e de transformação promovida pela prática pedagógica. A pesquisa consistiu na investigação das dificuldades e na realização de uma oficina pedagógica focada no ensino e na prática das fases da ARA, conduzida de modo que pesquisador e participantes colaborassem para identificar as dificuldades, desenvolver intervenções e avaliar os resultados em tempo real. A coleta de dados, realizada em quatro ciclos, utilizou questionários e grupos focais. Para análise, foi empregada a técnica de análise de conteúdo de Bardin (2016), complementada pela triangulação de dados (Richardson, 2017). As dificuldades identificadas foram: planejamento ineficaz e barreiras ambientais; falhas na execução e dificuldades para regulação da cognição, afeto e comportamento; e dificuldades para autoavaliação e autorreação eficaz. Já os avanços observados compreenderam: aprendizagens metacognitivas e autorreflexivas; percepção de valor e importância das estratégias; respostas adaptativas; avanços no autocontrole, persistência e percepção de autoeficácia; além do desenvolvimento de competências e estratégias autorregulatórias. Osresultados desta pesquisa se evidenciam em três dimensões. No plano teórico, reforça-se a pertinência e aplicabilidade do modelo de Zimmerman no contexto do Ensino Médio Integrado, articulado aos construtos analíticos da Teoria Social Cognitiva e a estudos sobre autocontrole, intenção de implementação, força de autorregulação e mudança comportamental. No plano metodológico, destaca-se a relevância da pesquisa-ação como estratégia de investigação e promoção de mudanças, possibilitando que a oficina funcionasse tanto como espaço formativo para ARA quanto como dispositivo de investigação das dificuldades para a autorregulação. No plano prático, oferece-se um produto educacional e sugestões de prática pedagógica para promoção das competências de autorregulação, sobretudo em contextos de ingresso no Ensino Médio Integrado, momento de maior vulnerabilidade quanto à adaptação acadêmica.
Citação
Artigo Completo
Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.