Representações da infância nas crônicas de Rachel de Queiroz

Abstract

A ideia de criança e o cuidado com a infância passaram a ser vistas como tal recentemente. O conceito de infância surgiu no século XV na Idade Moderna e vai adquirindo novos significados ao longo dos séculos. É só no século XX que surge a concepção de infância que é conhecida atualmente, isto é, a infância como uma etapa importante para o desenvolvimento do ser humano e na qual a criança deve ter seus direitos assegurados. Nesta conjuntura, a literatura, pelo fato de perpassar por momentos históricos e por representar diferentes culturas e sociedades é uma ferramenta que permite diferentes abordagens ou representações dos seres humanos, sendo suscetível para representação da infância. Neste contexto, o presente estudo tem como principal objetivo analisar as representações da infância nas crônicas de Rachel de Queiroz. Para isso foram escolhidas as seguintes crônicas para análise: “Menino pequeno” (1956), “Os filhos que nunca tive” (1953) e “Neuma” (1964). A pesquisa se constitui como uma pesquisa bibliográfica. Entre os autores que foram consultados tem-se: Queiroz (2002) Coutinho (1988), Sá (1985), Candido (2003), Ariès (1978), etc. A análise das crônicas foi feita à luz da hermenêutica. Dentre os resultados obtidos percebeu-se que as crônicas “Menino pequeno” e “Os filhos que nunca tive” trazem uma reflexão sobre a realidade cruel vivida por crianças brasileiras no século XX e abordam também, o desamparo e a negligência do Estado para com o público infanto-juvenil. Já na crônica “Neuma” observa-se a representação de uma criança que de fato vive uma infância feliz pois tem seus direitos assegurados. Nota-se portanto que essas crônicas são atemporais, tendo em vista que na atualidade ainda é notório uma diferenciação nos cuidados com a criança nas diferentes classes sociais. Por fim, pode-se perceber a partir desse estudo, a importância da literatura para representação da infância e de outras representações e/ou representatividades.