“Quem lacra, não lucra?”: Ben&Jerry’s e as reações dos consumidores ao Netativismo em prol dos direitos LGBTQIAP+
Silva, Gleidson Yuri Balbino da
Resumo
Apesar de a LGBTfobia ser reconhecida como crime há mais de 2 anos no Brasil, muitas mudanças ainda são necessárias para sua efetivação prática, pois as vítimas deste tipo de violência encontram barreiras e o despreparo de agentes públicos em acolhê-las ou reconhecer o crime como tal, desestimulando, inclusive, que prossigam com a denúncia. Assim, a empresa de sorvetes Ben&Jerry’s (B&J) resolveu inserir esta causa nas suas ações de marketing, encabeçando a campanha “Resolve Esse B.O” (#ResolveEsseBO) que foi lançada no início de 2022 para coletar assinaturas em uma petição no intuito de melhorar o atendimento e apoiar as vítimas para que a LGBTfobia seja reconhecida como crime no momento do registro do Boletim de Ocorrência (BO) nas delegacias de polícia brasileiras. Contudo, verificou-se diversos comentários de consumidores nas redes sociais da B&J, manifestando tanto apoio como repúdio, o que motivou o interesse por pesquisar este tema e estudar o caso da empresa. Na metodologia, foi realizada uma pesquisa exploratória na qual foram analisados comentários realizados em uma campanha do Facebook com um recorte temporal de duas semanas em fevereiro de 2022, por meio do método de análise de conteúdo proposto por Bardin (1977). A partir dos 381 comentários analisados através do método proposto, foram encontradas 8 categorias de analise, sendo estas: A favor da causa e da campanha, contra a causa e campanha, repúdio aos odiadores da causa, sarcásticos, defesa da marca, contrários a marca, sobre o produto e preconceituosos. A partir da análise realizada através da categorização dos comentários, chegou-se a conclusão de que já existe um grande avanço, por parte do público brasileiro, no que diz respeito à aceitação e apoio a defesa das causas das minorias, pois 240 comentários foram considerados positivos para a campanha. Frases como “Parabéns pela iniciativa” e “Campanha sensacional” são umas das que se configuraram como destaque positivo. Por outro lado, constatou-se muitos comentários contrários à marca e à campanha, assim como os de teor preconceituoso e religioso (totalizando 142 comentários) provando que a B&J ainda enfrenta ferrenha oposição à sua estratégia de marketing e netativismo em prol dos direitos LGBT e também que parte da sociedade brasileira demonstra não estar preparada para apoiar este tipo de causa.
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