Análise da aplicação do modelo BSC na mensuração de desempenho e na determinação da participação nos lucros e resultados no setor elétrico

Abstract

No Brasil, a utilização da ferramenta criada por Kaplan e Norton (1997, 2001), intitulada de Balanced Scorecard (BSC), tem sido a tônica de organizações como instrumento de gestão de desempenho atrelado à determinação da Participação de Lucros e Resultados (PLR) dos empregados para ganhos de produtividade e premiações de reconhecimento nacional. Este estudo teve como objetivo compreender a aplicação do BSC nos resultados organizacionais de três empresas brasileiras de distribuição de energia elétrica de pequeno e grande portes, conforme a classificação da agência reguladora do setor (ANEEL, 2022). O método utilizado para essa pesquisa foi o estudo de caso, para fins de se aprofundar na experiência exitosa durante os exercícios fiscais de 2019 a 2021 das empresas objetos da pesquisa. Para tanto, os dados secundários acompanhados através do BSC, como indicadores de qualidade e financeiros, foram submetidos a simulações, realizadas para identificar a empresa benchmark do setor. Em relação aos índices de qualidade, observou-se uma melhora significativa em duas das empresas, que em apenas três anos subiram até quatro posições no Ranking Nacional da Aneel de Desempenho Global de Continuidade (DGC) (ANEEL, 2022), posicionando-se entre as três melhores do país concernentemente aos indicadores de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) e Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC). No que se refere a indicadores financeiros, todas as empresas apresentaram resultados acima do alvo estipulado nos Acordos Coletivos de Trabalho (ACT), em 2020 e 2021, inobstante esse período incidir os efeitos da pandemia. Todas as empresas apresentaram aumento nos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), indicador mais importante, aumento esse que chegou a ser de até 53% a mais do que o determinado como objetivo. Também se pode salientar que todas as empresas ganharam prêmios nacionais de destaque no período estudado. Nas simulações realizadas com a memória dos cálculos da PLR, evidenciou-se uma variação de R$ 21,49 para cada 1% de aumento no peso dos indicadores geridos pelo BSC. Resultados esses, que se mostraram simétricos com a teoria original dos criadores da ferramenta, revelando uma relação benéfica entre o BSC, o desempenho geral da empresa e a aplicação de um sistema de remuneração dos empregados por resultado. Por meio das observações realizadas dos resultados, identificou-se o benchmark interno de desempenho considerando a nota global e a quantidade de prêmios recebidos no interstício estudado. Assim, levando em consideração que o grupo de empresas, no qual a amostra está inserida, tem um histórico de mais de um decênio de adoção do BSC atrelado à PLR, os resultados evidenciaram um ganho de vantagem competitiva no setor de atuação por meio da utilização do BSC como ferramenta de gestão dos resultados e como linha de base para a tomada de decisão nos indicadores de desempenho. Desse modo, os principais achados da pesquisa sinalizam que estudos como este reforçam a importância da mensuração de desempenho e a definição de metas objetivas que levem a conjunção de esforços entre empresas, empregados e sindicatos para que as estratégias sejam traduzidas em ações. Assim,a presente pesquisa buscou contribuir com um estudo empírico sobre o BSC em empresas brasileiras, possibilitando novas aplicações em outras organizações do mesmo setor ou em outros setores de atuação.