Lean Manufacturing em sistemas de saúde: uma análise de aderência da região nordeste com foco em hospitais públicos

Abstract

O tema Lean Manufacturing (Produção Enxuta) expandiu-se das operações de manufatura para as organizações de serviços. Sua aplicação no cenário dos serviços de saúde, sob a denominação de Lean Healthcare, vem sendo paulatinamente abordada na literatura internacional. A escassez do tema em estudos de avaliação de desempenho no Brasil sobre o Lean Healthcare, nas organizações de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), motivou o desenvolvimento da presente pesquisa. Posto o quê, este trabalho objetiva compreender a aderência da região Nordeste aos princípios do Lean Manufacturing em sistemas de saúde com foco em hospitais públicos da região, a partir da iniciativa do Ministério da Saúde (MS) com o Projeto Lean nas Emergências no período de de 2017 a 2022. Para tanto, pautou-se na relação entre os resultados de saúde referentes a custos, tempo e quantidade dos hospitais públicos do Nordeste e o alcance do projeto Lean nas Emergências. Foi adotada a metodologia de pesquisa exploratória e descritiva, com uma abordagem quali-quantitativa, através de análise documental e coleta de dados secundários em fontes de dados de domínio público do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), do Ministério da Saúde (MS). Os principais achados da pesquisa apontam que o alcance pleno do Projeto Lean nas Emergências demandar-se-á mais de 163 anos no Nordeste e, em mais de 83 anos, na Paraíba, o que evidencia a importância de priorizar essa temática tendo em vista que os custos do SUS no Brasil ultrapassaram R$ 98 bilhões na assistência à saúde ao longo do período de 2016 a 2021 (DATASUS, 2021), representando cerca de R$ 1,00 destinado ao custo do SUS para cada R$ 339,64 do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2021 (IBGE, 2023). A trajetória anual dos custos do SUS é ascendente e com variações anuais acima da inflação nacional. Os resultados indicam que o Nordeste apresentou a segunda maior participação regional com 27% de hospitais participantes do Projeto Lean e, em todo Estado da Paraíba, a participação de apenas cinco organizações de saúde, refletindo tão-somente 12,5% em relação ao Nordeste e ínfimos 6,3% da rede total hospitalar paraibana do SUS. Evidências como estas são de extrema relevância para uma gestão eficiente com vistas a um melhor planejamento ou expectativas de expansão do Projeto Lean, a fim de que o Projeto não seja uma iniciativa exclusiva do governo federal, mas se torne uma política pública municipal, estadual e do país.