“Okùnrin Dùdù": ‘geração Z’, formação omnilateral e a imagética do negro gay cinematografado

Silva, Petrônio Pereira da

Resumo

Ao longo do processo histórico-civilizatório, a arte cinematográfica redimensionou seu próprio alcance e processos produtivo-comunicacionais, com uma linguagem e um complexo conjunto de recursos tecnológicos e de entretenimento singulares que, gradualmente, (re)afirma-se como bem artístico-cultural, desempenhando um papel relevante na (res)significação da cultura e na difusão do pensamento humano. Isso posto, esta pesquisa teve como objetivo compreender a imagética do homem negro gay em produções cinematográficas, no cenário da Geração Z. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa aplicada, subsidiada pela abordagem qualitativa, do tipo documental. A coleta de dados valeu-se de uma ficha de identificação e análise fílmica (FIAF), e a análise de conteúdo efetivou-se como fundamento analítico-interpretativo para o tratamento do corpus empírico da investigação. O universo correspondeu a 39 produções cinematográficas sobre homem negro gay, produzidas entre os anos de 1995 e 2022 (Geração Z), nas plataformas IMDb, Filmow e Letterboxd, e a amostra foi delineada por meio da amostragem não probabilística de subtipo intencional. Diante disso, foram analisados três filmes, como amostra da pesquisa: “Stories of Our Lives” (Jim Chuchu, 2014, Quênia), “A Cidade do Futuro” (Cláudio Marques, Marília Hughes, 2016, Brasil) e “Moonlight: sob a luz do luar” (Berry Jenkins, 2016, Estados Unidos da América). Os resultados explicitam que, ainda que crescente, há uma carência de produções cinematográficas que protagonizam narrativas negras gay em primeiro plano. Dos filmes produzidos entre 1995 e 2022 com temática gay, apenas 15% das produções têm como protagonista de suas narrativas homens negros gays. Contudo, os roteiros cada vez mais têm apresentado histórias que fogem do estigma do gay como “bobo arco-íris” e/ou “alívio cômico”, e têm desenvolvido scripts mais contundentes, isto é, com rupturas à sociedade patriarcal: machista, sexista e homofóbica etc. Como produto educacional decorrente da pesquisa, foi institucionalizado um projeto de extensão cineclubista como difusão cultural e ação educativa no Instituto Federal de Pernambuco, Campus Ipojuca. O projeto versa sobre eixos relacionados à masculinidade, raça e etnia (negritude) e gênero e sexualidade (homem gay), no cenário da Geração Z, no cenário da formação omnilateral dos/as estudantes, no Ensino Médio Técnico-integrado, a fim de proporcionar um ambiente de fomento à cultura e à reflexão crítica da realidade sociocultural sobre gênero, sexualidade e negritude, através das produções cinematográficas. A partir dos resultados, é possível concluir, pois, que o cinema necessita cada vez mais voltar suas lentes para películas mais consistentes, no que diz respeito a personagens LGBTQIAPN+ em suas produções, arvorando-se mais na luta político-cultural em função de uma nova ordem mundial atinente à diversidade e ao respeito à dignidade humana.

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